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quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Perda

É irracional enterrar uma pessoa que não morreu.
Será que é uma dor proporcional?

De pensar nos filmes ainda não assistidos, nos lugares ainda não pisados, nos planos, nas milhares de vezes que faltam pra escutar as mesmas músicas, nos textos bonitos, nas fotos simples e falantes. Nos e-mails pra mandar. Nas palavras que me faltaram dizer. O amor que transborda. O cheiro que preciso sentir. A voz... a voz que eu ouvia dizer "minha menina". A porcaria das pulseiras pretas. A espera diária de um sinal... pra me abastecer... pra me ouvir... pra eu dizer nada... pra eu ouvir nada. O lugar certeiro de segurança. O colo que jurei ser pra sempre meu. As mãos que eu sempre olhava e amava, acreditando fazer parte fielmente constante da minha vida daqui em diante... sem um compromisso. Só pelo querer.

Alguém que encontre em mim um monte de imperfeições.
"O" alguém, em que sua não presença constante nos meus dias, me mata, violentamente.


2 comentários:

Eu, Rachel=) disse...

Pelo primeira vez, desde que te conheci, vi tristeza em suas palavras. E isso me preocupou...

Se precisar, estarei aqui. Sempre.

Saudades

=)

Anônimo disse...

Engraçado, eu já tinha pensado no que ia comentar, e estava pensando em um porquê. Achei um, e no comentário da Eu, Rachel=) tive outra resposta.

Lá vai o comentário:

Pela primeira vez em seus textos eu me encontrei aqui. De alguma forma é um texto que poderia ter saído de mim. Fiquei imaginando o porquê. A primeira resposta foi por ser um texto cheio de implícitos, sendo impossível entender tudo. É o tipo de texto que só entende quem viveu, nem quem sabe o contexto entende muito bem. Cheio de momentos, histórias e particularidades a cada entrefrase. É o tipo de texto que eu escrevo, e gosto. Gosto de ficar imaginando o que se passou, e o que poderia, e de não saber, por ser absolutamente particular. Gosto de pensar que cada um vive a sua vida e tem as suas particularidades e isso não cabe a mais ninguém, e acho interessante entender isso. Ver que há um grande mundo em cada pessoa, e que isso não é muito compartilhável. É como pensar: o seu pensamento é abosolutamente seu.

Aí o comentário acima me deu uma boa resposta. O texto é triste. Acho que foi por isso que me encontrei, infelizmente.
Mas, felizmente que essa foi a sua primeira vez, e que isso não é o seu blog, é o seu post.
Foi bom ler um texto assim, como se fosse as minhas palavras nas de outra pessoa, mas o motivo entristece tudo, porque é triste.

Amei o texto, mesmo que isso seja cruel.

Espero que as coisas passem, porque é difícil ser a Pollyana e jogar sempre.
Mas eu, na minha fase mais desmiolada sempre dizia:
"Ninguém chora mais que três dias, sofre mais que três semanas, e passa mais que três meses pensando"
Continuo com essa teoria, é claro que nem sempre ela funciona, afinal a teoria é minha mesmo.

As coisas passam, Gabi, por mais que não se passe.

Bjs.